quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Corações e mentes

Já não era tempo de termos mais um relato da vida real. Soltem os peões no pasto porque essa é vacaria da grossa!

Parecíamos feitos um pro outro pois tínhamos os mesmos gostos musicais, de estilo de roupas e de maneira de viver. Ambos éramos tímidos mas não deixávamos de ter nossa própria identidade e atitude. Nós ríamos das pessoas que escolhiam as outras por quesitos como beleza ou dinheiro, e ela tinha uma frase ótima que resumia bem:
"Homem que é homem olha o coração e não a bunda. Mulher que é mulher olha a alma e não o dote".
Quando ela falava do dote, era nos dois sentidos mesmo, o do dinheiro e aquilo que os homens carregam entre as pernas.
Tudo muito bom, tudo muito bem. Namoramos um tempo e resolvemos morar juntos antes de tornarmos oficial a nossa união. Ela mesma dizia que era o nosso test-drive e que não seria capaz de pensar em casar com alguém sem morar junto antes. Foi o que acabou acontecendo. Nós nos casamos de papel passado com cerimônia na igreja junto com festa e tudo o que tem direito. Lua-de-mel numa estação de esqui dos Estados Unidos, nós éramos a imagem da felicidade pros nossos amigos. Só faltava mesmo uma criança na casa mas nós tínhamos resolvido que isso só iria acontecer depois de alguns anos pois queríamos nos curtir ao máximo.
É muito fácil estar bem quando tudo vai bem mas a gente só conhece o caráter da pessoa quando passa por um momento de derrota. Não foi diferente no nosso caso. Eu sofri uma derrota financeira e ficamos em situação muito difícil, tivemos até mesmo que devolver o apartamento que financiávamos e que tínhamos decorado com tanto amor e carinho. Ela teve de trancar a matrícula na faculdade e arrumar um emprego como recepcionista de uma academia de ginástica pra que a gente conseguisse pagar as contas. Antes eu não fazia nem questão que ela trabalhasse porque não fazia diferença mas agora era fundamental pra zerar o mês. 
Foi quando tudo começou, agora parecia que o amor havia acabado junto com o dinheiro. Começamos a discutir e a brigar por qualquer coisa e a relação começou a degradar a ponto de resolvermos dar um tempo pra ver se era aquilo mesmo que a gente queria. Eu me senti humilhado ao voltar pra casa de meus pais com quase 30 anos e chorava quase todas as noites tanto de frustração quanto de saudades dos bons tempos de casado. Combinamos de nos falar uma vez por dia pelo menos, depois passou a ser uma vez a cada dois, três dias. Quando ela ficou uma semana sem ligar e nem atender minhas ligações eu vi que algo estava muito errado.
Dei uma incerta na academia perto da hora que ela saía, e o que eu vi? Vi que ela saía agarrada com um daqueles caras que parecem viver pra malhar, tão inchado que parecia deformado. Pior foi quando perguntei o que era aquilo, as palavras dela eu nunca vou conseguir esquecer:
- Ele é muito melhor do que você em todos os sentidos, tem grana e um pau enorme que nem cabe direito dentro de mim.
Isso foi dito na rua, na frente de quem tava passando. Uns caras na porta de um bar ficaram rindo da minha cara. O tal bombado perguntou se eu era o "derrotado" e ainda saiu rindo de mim também.
Vida que segue. Nos separamos sem litígio e cada um foi pro seu lado. Demorou mas encontrei outra mulher, dessa vez de uma beleza deslumbrante e dona de um caráter sem manchas. Por coincidência a minha vida voltou a se acertar e iniciei um novo empreendimento, que dessa vez foi cercado pelo sucesso. Uma boa ideia tornou-se uma loja que logo virou duas, três, quatro e logo se transformou numa franquia de sucesso. 
Na inauguração da mais recente loja da franquia, adivinha quem me aparece com o rabo entre as pernas? Acertou se você disse que era a minha ex. Disse que tinha repensado a vida e tudo e que tinha chegado à conclusão de que eu era o homem da vida dela, não outro qualquer. Minha mulher atual respeitou nossa conversa até um certo ponto. Minha vingança veio em forma de suas palavras:
"Amor, essa daí é que é a idiota? Porque minha filha, largar um homem de bem desses em troca de um bombado de academia só pode ser coisa de quem não tem nada na cabeça."
Perdeu otária!

Essa daí merece o que? Ser tocada por um berrante! MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!

(PS: a grafia original foi respeitada)

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